Célia Zanatta defende o fim da timidez das mulheres em participar da política

Primeira mulher a assumir a presidente da Subseção da OAB de Paranavaí, a advogada Célia Zanatta afirmou nesta segunda-feira (23) que “existe ainda uma certa timidez quanto a participação política partidária feminina, mas aos pouco está se avançando e quebrando esse tabu”.

Ela fez a declaração ao comentar a live que será realizada pela Comissão da Mulher Advogada da OAB-Londrina, com o tema “Política também é coisa de mulher”, e que será acompanhada em Paranavaí pelas duas vereadoras eleitas, Cida Gonçalves e Fernanda Zanatta, além dela própria. A live será realizada nesta terça-feira (24), às 19h30 e terá como convidada Elza Correia, pioneira em políticas públicas para as mulheres. A mediadora será a presidente da OAB-Londrina, Vania Queiroz.

Célia lembra que na atual legislatura era apenas uma mulher na Câmara de Paranavaí. “Agora teremos duas, uma muito jovem e outra já com alguma bagagem política, com bagagem de governo, que é muito importante. Nesta eleição ganhamos muito com a ascendência e a eleição destas duas mulheres, que é a Fernanda e a professora Cida. Tenho certeza que a nossa Câmara ganha destaque, porque passa ter 20% de presença feminina”.

Ela manifesta sua confiança de que a eleição das duas seja um “abrir portas, para que outras mulheres também possam se candidatarem, assumirem e sentirem orgulho de ser uma mulher que pensa política, que vive política, que ponha seu nome à disposição do bem comum e representar toda a coletividade”.

BAIXA REPRESENTATIVIDADE – A presidente Célia Zanatta cita que o Brasil ainda é um dos piores países quando o assunto é a representatividade política feminina. “São poucas mulheres hoje que se dispõem a estar e a postular um cargo, seja no nível municipal, estadual ou federal”, diz, acrescentando que com as cotas, que garante 30% das vagas para as mulheres, “melhorou (a participação feminina), mas ainda não se revelou suficiente para a chegada das mulheres em cargos do governo”.

Ela lamentou que “muitas candidatas aceitam e se submetem a se inscrever na lista de cotas partidárias apenas como laranjas e está ali só para dar o coeficiente necessário aos partidos para dar legalidade ao processo eleitoral. Algumas nem chegam a fazer campanha”.

A presidente avalia que “a ausência de mulheres em cargos de poder não propicia um debate adequado em torno de questões fundamentais, como a saúde, a segurança pública entre outros assuntos. A presença da mulher na política vai proporcionar um maior diálogo, um pensar mais abrangente em torno de questões que estejam diretamente relacionadas a pautas femininas”.

A respeito do tema da live, Célia diz que “com toda certeza” política é coisa de mulher. “Quando a mulher busca igualdade junto ao gênero masculino, temos que pensar também na política. Ela tem que buscar o seu espaço. É muito importante o sentido do equilíbrio, a luta pela igualdade de direitos e pelas políticas de afirmação das mulheres em todos os setores sociais, em especial

quanto a política, pois é através dela, que pode se modificar tudo ou todas as nuances em termos da nossa legislação, dos nossos direitos”.

A presidente da OAB-Paranavaí destaca que houve avanço nos últimos anos em relação a participação da mulher nos debates mais importantes da sociedade. “Mas a participação de mulheres se concentra ainda em movimentos sociais específicos, em prol do direito de determinadas classes, como as domésticas, trabalhadoras rurais, com alguns problemas sociais. Mas nós temos que ter mulheres que ousem desbravar caminhos maiores, principalmente no que concerne à participação política partidária, onde vai se possibilitar o debate, abrindo todas as dificuldades que advêm duma sociedade pluralista atual”.

Colaboração Jorge Roberto