Paranavaí

OAB e Diocese: candidatos e eleitores devem fazer política, não politicagem

O Papa deixa claro: se a gente reclama tanto da política, mas não participa, como fica essa reclamação? Fica vaga

Em uma iniciativa conjunta da Subseção da OAB e da Diocese de Paranavaí, foi apresentado às lideranças da cidade e região, na tarde-noite desta terça-feira (22), um projeto que tem como objetivo conscientizar candidatos e eleitores a realizarem uma campanha limpa, sem agressões, com apresentação de propostas e sem corrupção. O projeto foi apresentado pela presidente da OAB-Paranavaí, Célia Zanatta, pelo bispo diocesano dom Mário Spaki e pelos advogados Renato Benvindo Frata e Júnior Cezar Nunes de Freitas.

Durante a apresentação, os representantes da OAB e da Diocese destacaram a necessidade de os candidatos evitarem agressões e compra de votos. No lugar disso, apresentar projetos que tragam qualidade de vida à população. Apresentaram de forma clara a diferença entre politicagem e política – o primeiro feito com seriedade e pensando no bem comum e o segundo conquistando votos por meio da corrupção, o eleitor vendendo o voto e, depois, uma gestão voltada apenas para os interesses pessoais e de grupos econômicos.

Ao final do encontro, foi colocado em discussão o modelo de um documento a ser apresentado aos candidatos para que eles assinem e assumam compromissos com a sociedade, através da OAB. A ideia é que em cada cidade da região haja uma reunião com os candidatos a prefeito, vice e vereadores mostrando o que a sociedade espera deles antes e depois das eleições, e que, os que concordarem, assinem a carta-compromisso de atender os anseios da comunidade. A carta recebeu sugestões que serão incorporadas e finalizada. Nos próximos dias, a OAB-Paranavaí e a Diocese devem anunciar o calendário e locais destas reuniões.

Ao final do encontro, Célia Zanatta disse que a proposta “é um projeto pioneiro. Queremos congraçar as lideranças para fazer um pleito eleitoral diferenciado, marcado pela transparência, pela lisura e que os candidatos tenham a consciência de apresentar propostas que estejam dentro da legislação, dentro do atendimento à dignidade e ao bem comum”.

Ela ressaltou que, por sua vez, os eleitores devem ter consciência “do poder” que o voto dele tem. “É muito importante que o eleitor conheça seu candidato. Será que ele sabe em quem votou nas últimas eleições para prefeito e vereador? Estes candidatos cumpriram com as promessas de campanha? Quais projetos o vereador que você votou, se eleito, fez pelo município? Fiscalizou o prefeito? Merece a reeleição, o seu voto?”, questionou a presidente. Finalizou dizendo que o objetivo é promover nesta eleição “um voto consciente, com lisura e que alcance o bem comum. Não fazer politicagem, vamos fazer política, vamos pensar na dignidade do ser humano e no bem coletivo”.

CRISTÃO NA POLÍTICA – Dom Mário ficou satisfeito com o resultado do encontro, pelo número de participantes e também porque os presentes “se comprometeram a atuar, participar, se engajar”.

Na avaliação do religioso, a campanha eleitoral deste ano será bem diferente, porque o contato pessoal, embora vá acontecer, será de pequena proporção, e o que vai prevalecer serão os contatos virtuais, pelos meios de comunicação. Lembra que outra diferença será a rapidez do pleito. As eleições serão no dia 15 de novembro.

O bispo disse que as pessoas de bem ainda precisam fazer um grande trabalho de conscientização. “A questão política no Brasil está apenas começando. Temos um percurso muito grande a percorrer. A vantagem é que, se envolvermos a sociedade, as instituições, poderemos avançar mais, porque do contrário, somente com a campanha como vinha sendo feita, se torna algo que as vezes parte para o pessoal, para um modo até agressivo de realizar campanha. E aí se perde totalmente os planos de governo, não se tem noção nenhuma do que cada um propõe e fica uma coisa muito vaga. Este é o desafio nosso: ajudarmos também os próprios candidatos, se não tem ainda, a elaborarem os projetos ou alguma iniciativa para não chegar em 1º de janeiro, caso seja eleito, sentar na cadeira do ‘poder/servir’ e começar do zero. Isso é inconcebível.

Dom Mário arrematou afirmando que “o cristão deve participar da política, porque política e fé têm tudo a ver. Foi apresentado aqui que quando a gente fala em solidariedade, superação da violência, bem comum, estamos tratando de coisas que são comuns, seja para o ambiente público, seja para o ambiente de fé, que envolve as igrejas. Não tem como um cristão ficar de fora da política. E também o Papa Francisco deixa muito claro: se a gente reclama tanto da política, mas não participa, como fica essa reclamação? Fica vaga. É preciso então nos envolvermos na política, como candidato ou, a grande maioria, como eleitor”.

Colaboração Jorge Roberto

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