Projeto de Iluminação: Aplicação e Importância para Projeto de Interiores

É inegável que a luz é indispensável em nossas vidas e que está presente nas tarefas mais simples do nosso cotidiano. Ela é algo tão familiar que notamos sua real importância quando sentimos sua falta. Por causa disto, nós, seres humanos, deixamos muitas vezes de nos interessar em compreendê-la. Na arquitetura, a luz natural foi muito usada como fonte primária de iluminação, porém, com o descobrimento da eletricidade e a criação da lâmpada, a iluminação artificial passou a ser vital para as edificações. Esta última, proporciona ao homem o uso dos edifícios no período noturno e permite o prolongamento de suas atividades tanto de trabalho quanto de lazer. No entanto, na maioria das edificações, a luz artificial não é aplicada de maneira eficiente.

Atualmente, os projeto de iluminação, ou projeto luminotécnico, para ambientes interiores são tratados de maneira superficial por muitos profissionais da área da construção civil. Isso acontece pela falta de conhecimento que estes profissionais têm a respeito desta área e acabam por entregar algo que, a curto prazo, agrada aos olhos, mas torna-se insuficiente ou inadequado a longo prazo. Este tipo de projeto é a peça chave para resolver os problemas de eficiência na iluminação artificial. É nele que definimos quais elementos devem ou não serem iluminados e como serão iluminados, porém devem ser levados em consideração múltiplos fatores interdisciplinares para se obter uma iluminação artificial com eficiência.

O projeto de luminotécnica, ou projeto de iluminação, defini o conceito, a estética e a aplicação da luz em um determinado local. Com ele, busca-se integrar a luz ao meio aplicado, seja na arquitetura, interiores, paisagismo, cenografia, entre outros. Na prática, embasada nas necessidades e características do ambiente e dos usuários, o projeto de iluminação distribui a luz e determina o que deve ou não ser iluminado levando em consideração fatores técnicos, projetuais e humanos, estes dois últimos, sendo os mais modificadores e subjetivos dentre eles. Assim como projetos estruturais, elétricos e hidrossanitários, os projetos de luminotécnica compõem o quadro de projetos complementares que deveriam ser indispensáveis para uma edificação completa e bem-feita.

A luz, por ser um tipo de energia visível, quando incide em alguma superfície, é refletida, refratada, absorvida e dissipada, dependendo das características do meio iluminado, e é interpretada, através dos seus diferentes comprimentos de ondas refletidos, pelo nosso cérebro, permitindo a identificação de texturas e cores (INNES, 2014). Uma iluminação bem projetada não foca apenas na escolha de luminárias e tecnologias, antes de qualquer coisa, o projeto luminotécnico busca soluções para trabalhar a luz em conjunto com os planos iluminados. Por ser um processo interativo, ele traz momentos de desenvolvimento acelerado acompanhados de fases mais demoradas, para reelaboração de soluções para as regiões mais delicadas.

Quando nos referimos a projetos luminotécnicos, consequentemente trabalhamos com o sentido da visão, assim, a iluminação precisa nos dar condições visuais para que possamos fazer nossas tarefas de maneira eficiente, com toda segurança e produtividade necessária, e com o mínimo de esforço visual possível, respeitando as circunstâncias psicológicas, fisiológicas e culturais dos usuários (TOLEDO, 2008; INNES, 2014).

Abaixo, para exemplificar, estão duas imagens com a aplicação da iluminação comumente usada (homogênia) e a aplicação conceitual e tecnicamente embasada (iluminação pontual).

Como podemos ver nas imagens comparativas, a iluminação homogênea não traria para o ambiente os contrastes necessários para acentuar as características conceituais do projeto de interior. A iluminação pontual ofereceu destaque a elementos específicos, valorizando-os ao mesmo tempo em que deixa adequada a quantidade de luz para a atividade exercida.

Através disso, conseguimos perceber, também, que a simples aplicação de uma iluminação homogênea, apesar de muitas vezes ser satisfatória em quantidade de luz, prejudica a leitura dos conceitos básicos propostos ao espaço, desvalorizando todo o trabalho do profissional que o projetou, além de promover uma monotonia que pode causar a fadiga do usuário e torna-lo improdutivo.

O projeto, nos permite ver a aplicabilidade da iluminação em um projeto de interior. Por meio da comparação, constatamos que uma iluminação equilibrada, funcional e com as possibilidades de erros minimizados ao seu máximo é formada a partir de um planejamento embasado e detalhado, o que a permite se integrar ao ambiente projetado de forma a enriquece-lo estética e funcionalmente. Proporciona ao ambiente uma hierarquia visual, acentua as características físicas propostas, melhora sua visibilidade, além de torna-lo eficiente energeticamente.

Assim, concluímos que um projeto de luminotécnica permite que trabalhemos o espaço sem que seja necessário altera-lo fisicamente, proporcionando uma valorização das características arquitetônicas do ambiente em que é aplicado. Desta forma, possibilita uma maior produtividade do usuário, por tornar o local dinâmico e confortável. Com isso, conseguimos identificar sua real importância para a elaboração de um ambiente funcional e eficiente, tornando-o elemento indispensável para destacar as características dos projetos de interiores e para a satisfação do usuário.

Fonte: Christian Gelati

Arquiteto e Urbanista, graduado pela UniCesumar (Centro Universitário de Maringá) em 2016; Especialista em Projeto de Interiores e Iluminação pela UniCesumar em 2019; Atualmente, arquiteto responsável pelo escritório Christian Gelati – Arquitetura e Urbanismo, localizado na Av. Martin Luther King nº 2853, em Paranavaí-PR.

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